O Tribunal do Júri adiou o julgamento de um dos envolvidos na ação que resultou na morte do sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha. A audiência estava marcada para esta quinta-feira (12 de junho), em Belo Horizonte, mas foi reagendada para agosto após os policiais militares, que são vítimas do crime, não comparecerem ao julgamento. O réu, que está preso, vai responder por cinco tentativas de homicídio, sendo quatro contra policiais e uma contra um motociclista atingido durante a fuga. O processo foi desmembrado do caso que envolve Welbert de Souza Fagundes, autor dos disparos que mataram o sargento Roger e que já foi denunciado por homicídio qualificado.

Conforme a assessoria de imprensa do Tribunal do Júri, a presença dos militares foi requisitada diretamente ao superior hierárquico deles na corporação. Entretanto, os policiais não foram comunicados internamente pelo comando da PM sobre o júri, o que causou a impossibilidade de realização do julgamento. Diante disso, o júri foi reagendado para o próximo dia 14 de agosto, às 8h30.

O julgamento acontece no Fórum Lafayette e diz respeito à atuação do réu na perseguição policial registrada no dia 5 de janeiro de 2024, no bairro Aarão Reis, na região Norte da capital mineira. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele dirigia um Fiat Uno durante a fuga e, ao tentar escapar da abordagem da Polícia Militar, colidiu em alta velocidade com uma motocicleta conduzida por um civil, que sofreu ferimentos graves. Depois, ainda teria efetuado disparos de arma de fogo contra quatro policiais.

Denúncia

Segundo as investigações, o réu e Welbert estavam em um veículo suspeito de envolvimento em um roubo quando foram localizados por guarnições da Polícia Militar na avenida Risoleta Neves. Ao desobedecerem a uma ordem de parada, teve início uma perseguição. Durante a fuga, o carro atingiu um motociclista, que foi lançado sobre o capô do veículo. Mesmo assim, o condutor não parou e seguiu em alta velocidade até colidir contra um poste.

Após a fuga a pé, Welbert de Souza Fagundes foi localizado por uma equipe policial liderada pelo sargento Roger Dias. No momento da abordagem, ele sacou uma arma escondida sob a roupa e atirou contra o militar, que foi atingido na cabeça. O sargento chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Welbert também disparou contra outro policial, mas não o acertou. Ele foi baleado durante a ação e preso em flagrante.

Enquanto isso, o segundo envolvido conseguiu se esconder sobre a laje de um comércio na rua Detetive Eduardo Fernandes. Ao perceber a aproximação dos policiais, ele teria atirado contra quatro agentes da PM, mas ninguém foi atingido. Pouco depois, o homem foi localizado e encaminhado ao hospital com ferimentos.

O Ministério Público denunciou esse segundo suspeito por quatro tentativas de homicídio qualificadas — por ter atirado contra os policiais para garantir a impunidade de outro crime — e uma tentativa de homicídio simples, referente ao disparo que atingiu um motociclista durante a fuga. A acusação também considera o uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.

O processo contra Welbert, autor dos disparos que mataram o sargento Roger, foi desmembrado e tramita separadamente.

Relembre o caso

A morte do sargento Roger Dias teve grande repercussão nacional. O militar, de 29 anos, foi baleado à queima-roupa na noite de sexta-feira (5 de janeiro), durante a perseguição a dois suspeitos no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial foi atingido na cabeça.

De acordo com a Polícia Militar, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um veículo pela avenida Risoleta Neves, quando o motorista perdeu o controle da direção e colidiu contra um poste. Os ocupantes abandonaram o carro e fugiram a pé.

Um dos suspeitos foi alcançado pelo sargento Roger. As imagens mostram o militar se aproximando e dando ordem de parada, mas sendo surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e dispara à queima-roupa. O atirador estava foragido da prisão após ter sido beneficiado pela “saidinha” de Natal, o que reacendeu o debate sobre o benefício em todo o país.

Nas imagens, é possível ver o momento em que o sargento cai logo após o disparo. Colegas prestaram socorro imediato e o encaminharam ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital, onde teve a morte cerebral confirmada dois dias depois. O policial teve os órgãos doados.